A Argentina enfrenta uma crise econômica cada vez mais agravante, agravada por uma inflação que atingiu níveis recordes na quinta-feira (12), subindo 138,3% nos últimos 12 meses. Essa taxa de inflação é a mais alta registrada no país desde agosto de 1991, lançando o peso argentino em uma espiral descendente. A hiperinflação está causando estragos, levando o governo a tomar medidas incomuns, como oferecer um câmbio mais favorável aos turistas que utilizam cartões de crédito, débito ou pré-pagos no país.
No final do ano passado, a Argentina introduziu o chamado dólar MEP, uma taxa de câmbio mais vantajosa para os cartões emitidos no exterior em comparação com a cotação oficial. Em um exemplo recente, na sexta-feira (13), um dólar MEP valia 870 pesos argentinos, enquanto a cotação oficial estava em 365 pesos argentinos para o mesmo dólar.
O objetivo principal dessa medida era conter a circulação do chamado “dólar blue”, uma moeda que circula no mercado paralelo. O governo argentino tem feito esforços para controlar o mercado informal de câmbio, incluindo restrições à venda de moeda estrangeira para estrangeiros.
A peculiaridade do dólar MEP está em seu benefício para os consumidores que utilizam meios eletrônicos de pagamento. Ao efetuar uma compra, é aplicada a cotação oficial do dólar. No entanto, em alguns dias após a transação, a operadora de cartão reembolsa a diferença entre a cotação oficial e a do dólar MEP vigente no dia da compra. Ou seja, no exemplo de hoje, essa diferença seria de 505 pesos a favor do turista.
Essa medida, embora destinada principalmente a controlar a circulação de moedas estrangeiras no mercado paralelo, também proporciona aos turistas uma vantagem econômica considerável. Isso pode ser especialmente benéfico em um momento em que a Argentina enfrenta uma inflação tão alta que está afetando o poder de compra dos cidadãos.
Além dos desafios econômicos, a Argentina está se preparando para uma corrida eleitoral crucial. Em 22 de outubro, os argentinos irão às urnas para escolher o próximo presidente. O candidato ultraliberal, Javier Milei, está liderando as pesquisas de intenção de voto, embora a competição esteja acirrada entre os três principais candidatos.
As pesquisas mostram o atual ministro da Economia, Sergio Massa, em segundo lugar, e a candidata conservadora Patricia Bullrich em terceiro. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter 45% dos votos ou mais de 40% com uma vantagem de mais de 10 pontos sobre seu rival mais próximo. Milei tem entre 34% e 35% dos votos, de acordo com uma pesquisa da Opina Argentina. Massa tem entre 29% e 30%, enquanto Bullrich tem entre 24% e 25%.
A Argentina enfrenta desafios econômicos e políticos significativos. Enquanto os candidatos se preparam para a eleição presidencial, os turistas podem aproveitar o dólar MEP como um alívio financeiro bem-vindo em meio à crescente inflação e incerteza econômica.